1ª Plantação

28-08-2017

Forests precede civilizations and deserts follow them

François-René de Chateaubriand
Local da 1º plantação - maio 2015
Local da 1º plantação - maio 2015
Carvalho Cerquinho - Jul 2017
Carvalho Cerquinho - Jul 2017
Zêlha - Jul 2017
Zêlha - Jul 2017
Cerejeira - Jul 2017
Cerejeira - Jul 2017


A floresta ou mais propriamente o ecossistema florestal produz benefícios que podem ser classificados em quatro categorias:

Produção

Os serviços que geram os produtos que as pessoas obtêm da floresta (madeira, lenhas, frutos, cogumelos, cortiça, etc.)

Regulação

São os serviços decorrentes da influência direta da floresta no ecossistema local como sejam a regulação do clima, do regime hídrico e do controlo da erosão do solo.

Suporte

Os serviços de suporte são todos aqueles que são necessários para gerar todos os outros serviços dos ecossistemas, incluindo funções dos ecossistemas tais como a produção primária, a produção de oxigénio, a formação do solo e a biodiversidade

Culturais

São todos os serviços imateriais que se obtêm das florestas como sejam os estéticos, espirituais e recreativos.

Estes benefícios são maioritariamente apropriados pela sociedade em geral dado que apenas são reconhecidos direitos de propriedade sobre os benefícios de produção. O reconhecimento da importância dos serviços prestados pelos ecossistemas florestais para a sociedade e o ambiente e a falta de incentivos para expansão, preservação e correta exploração destes ecossistemas têm levado a que se discuta o eventual pagamento destes serviços como se pode ver aqui.

Contrariamente à prática habitual de efetuar plantações florestais em monocultura, devido à maior facilidade de condução do povoamento (realização das ações culturais), é através do aumento da diversidade de espécies, bem adaptadas, ao bioma que aumentam os benefícios e a resiliência do ecossistema florestal.

O Vale da Lande, de acordo com a legislação florestal vigente, é classificado como um povoamento misto com dominância do sobreiro. A plantação de novas árvores (adensamento) em povoamentos existentes deve ser feita mantendo as características do povoamento existentes, ou seja, mantendo o sobreiro como espécie dominante.

No controlo de matos, efetuado no 1º ano (2015), foi limpa uma encosta virada a noroeste, praticamente sem árvores adultas, já com a intenção de aí iniciar as ações de adensamento e de diversificação das espécies.

Com o apoio do guia Espécies Arbóreas Indígenas em Portugal Continental pesquizei espécies adaptadas às condições climatéricas e edáficas do Vale da Lande.

Foi escolhido o Carvalho Português ou Carvalho Cerquinho (Quercus Faginea subespécie broteroi), espécie comum no centro e sudoeste de Portugal considerada como uma espécie capaz de recuperar solos degradados, de limitar a erosão e de facilitar a infiltração das precipitações. Trata-se de um parente das azinheiras e sobreiros.

O clima do Alentejo Litoral é semelhante ao de Trás-os-Montes, idêntica classificação climatérica (Csb) e valores médios das temperaturas e pluviosidade semelhantes, conforme se pode verificar no Atlas Climático Ibérico. As principais diferenças são as menores temperaturas da estação fria e a melhor distribuição anual da pluviosidade em Trás-os-Montes que permite reduzir o período seco para 2 meses (julho e agosto) face aos 4 meses (15 junho a 15 outubro) do Alentejo Litoral.

Esta semelhança levou-me a experimentar a Cerejeira brava (Prunus Avium) espécie comum no norte e centro de Portugal e a Zêlha (Acer Monspessulanum) espécie existente no norte, centro e estremadura.

No total foram plantados ao covacho 500 carvalhos, 50 cerejeiras e 50 zêlhas, num compasso de 4x4m. A escolha deste compasso "apertado", para a plantação de árvores cujas copas podem atingir grandes dimensões (carvalhos e cerejeiras), pressupõe que existirão árvores que se vão perder, outras que serão eliminadas devido a defeitos de formação e outras ainda que serão eliminadas, à medida que se for dando o seu desenvolvimento, de modo a permitir o melhor desenvolvimento de uma árvore vizinha. Pretende-se atingir um compasso final de aproximadamente 12x12m ou seja uma árvore adulta por cada nove árvores plantadas.

Para ajudar ao estabelecimento as árvores serão regadas mensalmente, nos três primeiros anos, durante a estação seca, à razão de 40l por árvore e rega.

Passados 2,5 anos da primeira plantação já consigo concluir que o desenvolvimento e o sucesso do estabelecimento das árvores depende:

Da sua adaptação aos microclimas locais, porque verifiquei uma melhor adaptação nos carvalhos e pior nas cerejeiras;

Da capacidade para desenvolver as raízes, porque verifiquei que em algumas das árvores que não sobreviveram, passados 1 e 2 anos da sua plantação, ainda não tinham raízes no exterior do torrão. Geralmente esta falha decorre de defeitos de formação das raízes em viveiro por deficiente condução;

Da capacidade de retenção de água do solo, porque o desenvolvimento das árvores foi maior nos locais, onde o solo é mais profundo, em que existe um equilíbrio entre o conteúdo de argila, silte e areia formando um solo franco-argiloso e nos locais que recebem águas por percolação (movimento da água abaixo do solo) devido morfologia do terreno.

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